Atraídos pelo sonho de jogar futebol profissional, seis atletas de São Paulo chegaram a rodoviária de Porto Alegre na noite de domingo (19) acreditando terem firmado contrato com o União Harmonia, de Canoas, como novos reforços para jogar a Segunda Divisão do Gauchão. Contudo, não demorou muito para a surpresa: o clube não fez novas contratações.
Cinco dos seis atletas, que têm entre 18 e 25 anos, já voltaram para a Capital paulista de ônibus na noite de segunda-feira (20). As passagens foram garantidas, segundo Cléu, graças ao auxílio de atletas amigos do clube e do Sindicato dos Atletas do Rio Grande do Sul. "Foram 24 horas inacreditáveis", desabafa.
"Eles tinham malas, mas não roupa suficiente para se proteger do frio e estavam com fome. Porque [o suposto empresário] mentiu que o clube daria toda a estrutura necessária que eles precisavam logo que chegassem", diz o técnico. Os jovens têm passagens por clubes intermediários ligados ao futebol paulista e do norte do Brasil.
A reportagem do DC tentou entrar em contato com os atletas na tarde desta terça-feira (21) e recebeu o retorno somente de um deles, que afirmou que todos estavam bem e que continuavam no ônibus em direção a São Paulo.
O caso ficou com a 17ª Delegacia de Polícia (DP) de Porto Alegre. De acordo com o delegado Thiago Bennemann, todas as informações pertinentes ao crime serão encaminhadas à Polícia Civil de São Paulo nos próximos dias. "Recebemos o caso, mas a ocorrência será enviada para ser investigada em São Paulo, em razão de o crime ter sido cometido lá, além do fato de que é o Estado onde vivem as vítimas envolvidas no golpe".
Segundo Cléu, documentos, fotografias, o nome do estelionatário - Fabrício Feijó, possivelmente falso, segundo a Polícia -, mais três CPFs usados pelos atletas para encaminhar Pix ao criminoso foram entregues à Civil.
Janderson Santos de Matos, 25 anos, era o mais velho entre os seis atletas que chegaram a Porto Alegre e o único que não embarcou de volta. Anteriormente, o atleta estava no Sport Clube Brasil Capixaba, do Espírito Santo, e decidiu permanecer no Estado após conseguir abrigo em Nova Prata, onde pretende jogar futebol pela Associação Nova Prata de Esportes no segundo semestre.
Sem guardar ressentimento, o jogador disse ter ficado triste somente pelos atletas mais jovens que viajaram com ele no ônibus, cheios de esperança de fechar o ano em campo. "Sou um atleta profissional e consegui marcar um teste em Nova Prata enquanto esperava na Rodoviária", esclarece. "Ainda assim, quero que achem o estelionatário, porque os meninos não mereciam o que passaram."