Há uns dias publiquei um artigo com uma importante lição de vida que recebi da Theresinha, a terapeuta com quem eu consultava. Foi o meu texto que mais recebeu retorno até agora. Não pela forma, claro, mas pelo conteúdo valioso que ele trazia.
Pois eis que lembrei de outro aprendizado, que compartilharei agora: numa daquelas sessões, na realidade um bate-papo, eu falava sobre uma expectativa que tinha e que foi frustrada. Ela então, sem cerimônia, me olhou e disse: "ué, só se desilude quem se ilude!"
Passei algum tempo, novamente, com cara de lâmpada e demorei um pouco a digerir aquilo. Como assim? Por que eu me iludi? Era o esperado, o lógico, naquele caso! Ah, pois é... às vezes, nos falta enxergar um pouco além. Lógico para quem, cara pálida?
Para mim, com as minhas crenças e o que eu achava certo, ou para o outro, que pensava diferente e que, naquele caso, tinha o poder de decisão?
Dali passei a cuidar mais para não me desiludir, ou seja, comecei a ficar mais atento às possibilidades de desfechos diversos do que eu esperava. Mas... nem sempre é possível.
Me iludi achando que essa pandemia faria com que as pessoas mostrassem apenas o seu melhor lado e que todos seríamos cooperativos e solidários. Me iludi achando que haveria exemplos de união e, finalmente, um país diferente e não polarizado. Me iludi achando que teríamos um líder nacional que, mesmo guardadas suas severas limitações e suas peculiares crenças, nos uniria através de uma única e coerente mensagem. Me iludi pensando que quem produz seria protegido, para assim proteger emprego, renda e desenvolvimento.
E me desiludi. Porque se desilude quem se ilude, já disse a Theresinha. Saber, muitas vezes a gente sabe. O diabo é que, às vezes, esquecemos.